Esgueiro-me sobre atritos. Que enfadonho tormento. Não te toco. No entanto, arrasta-se a pele abundante. A perfeição da pálida protecção do Homem - qual escudo entardecido. Quando me lembro, esqueço logo. Não podia deixar de ser. Ao viver, mostro-me um pouco mais longe. E ao viajar para tão pouco, demonstro âmago amado pelo próprio. Ego. Sou todo eu. Sou todo cheio de foda-se. Pá. Estou cheio de mim. Cheio as in, transbordante, ébrio, entornado. Que nódoa vulcânica.
Viagens do Sentado
quarta-feira, 23 de junho de 2021
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Abençoado
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
Ruído branco
Ruído branco. Aves gritam no seu interior granulado. Só. Só nos confins do Universo, onde os vigilantes se sentem pequenos. Esgueirei-me pálido à caldeira que abateu sobre mim: o assunto. Foi tudo sobre esse ser, e sobre o laço que o pendurou à Terra.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
À nora
Devo dizer mais. Isto está péssimo. Passo alguns dos meus dias a dançar no meu interior, sem saber por onde sair. Dizem que se morre pela boca. Será saída de emergência? Apesar disso, não me deixo atormentar por vendas porta-a-porta. Estou sempre atento. As horas batem, e eu defendo. Digamos que choro, mas apenas quando a necessidade aperta. Sou homem-martelo. O instrumento uso-o como baqueta de arremesso às peles que estão a tropeçar umas nas outras, por estar tão velho já. Não encontro forma de punição melhor. Eu não lambo mãos nem pés, então tenho que lamber feridas com a saliva dos outros. Como assim? Sim, como assim. Se não, comia como? Não encontro forma de sublimação superior. Enalteço-me, e bebo vinho, com trastes! Esses párias da guitarra que nunca explorei de forma a pagar as contas. Prefiro simplificar o divino - fractalizar o macro. Sou como um boi-boy à (volta da) nora.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
Peso pesado
Isto é mau. Já estou um pouco mais abaixo, que acima - sem palavras d'ouro. Mas sei que as sei, que as usei aqui e ali. Eram de alquimista, e um pouco de albedo nas feridas que não saram por não surgirem. Sou imortal, pá! Deixa-me em paz. Encontrei segredos. Momentos secretos em que encontrar-me era algo diferente. Era mais ali para o lado, do que aqui para o centro. Mas amo-te na mesma; não, não é isso. Sem problema. É apenas meu fado, de escavar em pedras preciosas à procura de terra, de areia e coisas com que me possa regar. Quero vinho! É isso, o vinho. Pode ser aquele podre da outra vez. Não importa. Não diziam que estava estragado, e que até se circum-ambulava templos feitos de pó? Um pouco de mandriar nas curvas e tudo! Opá, estou comprado. Onde me encontro não há fadas, mas há um pouco mais. Aliás, muito mais do que julgava. Aqui tenho futuro. Tenho um cartão tipo-côdea-de-pão, que me permite ser o que quiser. Mas esse vinho não era nada mal pensado. Isto às 10:30 é um peso pesado - pecado. Não sei bem. Só sei que isto liga com algo.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
Vinho podre
Ontem às 19:00. Já está. Sim, já está. Foi feito do negativo, para não dizer que começou do zero. É que é extremamente natural, Senhora Troféu. O momento em que me deixei, foi o momento em que me fiz farinha de Deus. Cobri-me daquilo e bebi um pouco de sangue, e fiquei mesmo bem. Sabe, Senhora Troféu, é mesmo assim como eu digo. Eu bebo dos Céus a chuva que cai miúda. Que pena, que psicótico, que psicopatológico! Serei um psicotrópico ou um pato? Ai, que exagero, Senhora Troféu - só disparate. Dispare mais para ali, para aquele lado, que aqui não se encontra vinho desse. Não, aqui deixámos de beber desse vinho, que estava estragado! E só dava mais dor de cabeça. E só dava menos corte na realidade. Uma pessoa provava aquilo e ficava sã! Ficava sóbria de tudo, sentia os pés verdadeiros, não mandriava nas curvas. Epá, aquilo não era bom. E foi por isso que deixámos de beber desse vinho, que estava, sei lá, azêdo! Tínhamos vinagre ensanguentado de realidade podre! Que pena.
Hoje às 19:00. Olhe, Senhora Troféu, volto a dizer-lhe que o momento em que me deixei, foi o momento em que me encontrei enfarinhado de Deusices. Julgava-me divino, especialmente com aquele vinho que batia mal, pá! Não quero outra coisa senão sangue de pobretanas. Sou um tosco, ao lusco-fusco - e, sem jantar, dou por mim de viola nos braços, a cantar para rapariguinhas sem collants no inverno, Senhora Troféu! E colarinhos brancos e blusas esgaçadas de um tecido vágil - e até serram a cabeça de um homem com aquelas franjas.
Amanhã às 19:00. Senhora Troféu, bebi daquilo. Sim. Hoje acordei e bebi daquilo. Epá, tinha sede e bebi daquilo. Não havia água de pés lavados, usei aquele vinho carrancudo, rançoso de tudo e de todos - verdadeiro pintas sou. Serei o espasmo de sempre. E não há forma de me lembrar do adjectivo.
domingo, 22 de novembro de 2020
Planetas
Já me perdi, de tanto, outra vez. De cada "não sei" proferido, profetizo um círculo de sentidos. Serei simples narigudo? Ou serei mais um género de esquecida divindade que tudo aparenta? Não sei bem que fazer com os meus dias. Por vezes, vou por ventos leves; por pouco que seja, posso optar por calabouços. Não fujo assim tanto. Permito-me tocar aqui e ali, sem dedinhos. E às vezes almoço sushi. E então, digo que não se faz. Só é preciso uma vez, para tudo. Quando o éter trespassa o cérebro, o meu corpo curva de usar planetas.
Quando o traço troca a trova pelo trovão, basta estar próximo. Presente e, provavelmente, perfeito. Não me esqueço de mim, de ti, e do que fiz com tão muito. Muito, de tão polvilhado de preceito, de peito ralado de ir-e-vir. E rodas, e moldas-te a fodas que encontras por aí. Mas não queres nada que te faça lembrar o astro, que arrasto, por puro arraso, para mim.