quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Vinho podre

Ontem às 19:00. Já está. Sim, já está. Foi feito do negativo, para não dizer que começou do zero. É que é extremamente natural, Senhora Troféu. O momento em que me deixei, foi o momento em que me fiz farinha de Deus. Cobri-me daquilo e bebi um pouco de sangue, e fiquei mesmo bem. Sabe, Senhora Troféu, é mesmo assim como eu digo. Eu bebo dos Céus a chuva que cai miúda. Que pena, que psicótico, que psicopatológico! Serei um psicotrópico ou um pato? Ai, que exagero, Senhora Troféu - só disparate. Dispare mais para ali, para aquele lado, que aqui não se encontra vinho desse. Não, aqui deixámos de beber desse vinho, que estava estragado! E só dava mais dor de cabeça. E só dava menos corte na realidade. Uma pessoa provava aquilo e ficava sã! Ficava sóbria de tudo, sentia os pés verdadeiros, não mandriava nas curvas. Epá, aquilo não era bom. E foi por isso que deixámos de beber desse vinho, que estava, sei lá, azêdo! Tínhamos vinagre ensanguentado de realidade podre! Que pena.

Hoje às 19:00. Olhe, Senhora Troféu, volto a dizer-lhe que o momento em que me deixei, foi o momento em que me encontrei enfarinhado de Deusices. Julgava-me divino, especialmente com aquele vinho que batia mal, pá! Não quero outra coisa senão sangue de pobretanas. Sou um tosco, ao lusco-fusco - e, sem jantar, dou por mim de viola nos braços, a cantar para rapariguinhas sem collants no inverno, Senhora Troféu! E colarinhos brancos e blusas esgaçadas de um tecido vágil - e até serram a cabeça de um homem com aquelas franjas.

Amanhã às 19:00. Senhora Troféu, bebi daquilo. Sim. Hoje acordei e bebi daquilo. Epá, tinha sede e bebi daquilo. Não havia água de pés lavados, usei aquele vinho carrancudo, rançoso de tudo e de todos - verdadeiro pintas sou. Serei o espasmo de sempre. E não há forma de me lembrar do adjectivo.

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